12.5.09

Lei Seca

Este texto de minha autoria revela minha opinião do período que entrou em vigência a Lei Seca proibindo a venda de bebidas alcoólicas nas rodovias.


Uma historia na ponte e na rua

Era um homem bondoso e idoso, vida tranqüila, nunca se preocupou além da enxada e da colheita, da vida à partir das quatro da manhã e do café amargo para abençoar o dia. O dinheiro era suficiente para pagar a luz, porque já haviam modernizado a roça, o resto era na base da troca. O que sobrava, comprava um dose no bar e terminava o dia feliz caminhando os dois kilômetros para chegar em casa. Sempre foi assim: casa, roçado, bar da rodovia, casa. Os filhos já moravam na cidade, a mulher _" Que Deus a tenha", estava em outro lugar para sempre. A vida se restringia, na maior parte do tempo, na roça para fazê-lo esquecer das tristezas da vida.

Foi o filho mais velho, em visita, quem insistiu: "O senhor vai ter um carro, sim! Acorda cedo, trabalha na plantação daquele latifundiário que lhe paga uma miséria, é muito longe! Na idade do senhor, não pode fazer tanto esforço físico. Vou dar um carro para o senhor."

Foi feliz para o bar. Saiu da plantação,virou a esquerda e chegou na rodovia, atravessou-a e estacionou em frente ao bar de costume. Pediu sua dose e mostrou, com satisfação, o carro que ganhou do filho. Um colega, querendo compartilhar a alegria do velho, talvez por ter comprado um carro melhor, sentou-se junto e pediu uma rodada de cerveja e tequila. Conversaram e beberam, beberam, beberam e conversaram: "O melhor caminho para você voltar para casa é depois da ponte, _ gesticulava com freqüência as mãos _ Pega a rodovia, passa a ponte, vira à direita. A estrada de chão você já conhece." O velhinho agradecido, disse que pagaria a conta, o outro, porém, não aceitou. Pagou e se retirou. Entrou no seu chevete azul e sumiu na rodovia.

O velhinho entrou no seu carro e seguiu o conselho do amigo. Encantou-se com a rapidez do seu carro no asfalto, ficou feliz pelo carinho do filho e sentiu saudade da sua mulher: "Queria estar junto dela". Não percebeu que estava na pista de sentido contrario e um caminhão não conseguiu frear. Um pouco mais à frente, a ponte, lá embaixo, um chevete azul afundando no rio.

2 comentários:

Anônimo disse...

Eu me fascinei por este conto que você criou,é realmente coerente quando relacionamos com a Lei Seca realizada em 1929.
Continue usando sua imensa e irreversível criatividade para seu profissionalismo,tanto acadêmico como pessoal.
Amo você,querida irmã!

Elora

Anônimo disse...

Existe sempre algo querendo nos tirar a vida!! Quando achamos que está tudo bem, outro com uma concepção diferente da nossa, diz que poderia ser melhor! Nem sempre é assim.
Muito bom seu texto.

Existem coisas que real e comprovadamente não combinam, uma delas é: direção e álcool.

Alexandra